O mercado de segunda mão vem crescendo e ganhando cada vez mais espaço e importância econômica, mas isso já não é mais novidade pra ninguém. Haja vista os inúmeros novos negócios que surgiram, inclusive aqui no Brasil, que vão desde os brechós tradicionais, até aqueles que se modernizaram e oferecem serviços mais personalizados aos clientes, assim como as startups e sites especializados em itens de luxo de segunda mão que crescem ano após ano.

Por aqui, já trouxemos alguns exemplos de negócios que apostaram na economia circular e têm prosperado ao longo dos anos, como é o caso, por exemplo, do The RealReal, maior marketplace de peças de luxo autenticadas do mundo, e da Rent The Runway, que oferece serviço de aluguel de roupas e acessórios. Porém, é quando os varejistas mais tradicionais do mercado resolvem investir que a gente sabe que algo passou do patamar de tendência e ganhou seu espaço definitivo no mercado do varejo.

Dito isso, foi em setembro de 2021 que a Galeries Lafayette, uma das maiores e mais tradicionais redes de lojas de departamento da França, anunciou a inauguração da sua primeira área dedicada exclusivamente à economia circular, a [Re]Store. Com mais de 500 metros quadrados, a [Re]Store está localizada no terceiro andar da Galeries Lafayette Haussman, em Paris, e inclui roupas, acessórios e objetos de vários players conhecidos do mercado de segunda mão, vintage e design responsável.

É como se o espaço reunisse diversos “corners” de brechós e marcas de upcycling em um único lugar, cada um com uma identidade visual e decoração característicos. Ou seja, um espaço inteirinho dedicado ao garimpo de preciosidades e peças únicas que incluem desde roupas e acessórios de marcas famosas até itens de marcas pequenas e desconhecidas.

Além da venda de peças de segunda mão, a [Re]Store também oferece alguns serviços que têm como objetivo integrar a proposta do projeto de promover a circularidade na prática. Entre eles, o agendamento de horário para que os clientes possam levar os itens que queiram vender - onde passam por processo de avaliação e curadoria antes de irem para as prateleiras e araras da loja. Há também a opção de levar restos de tecidos, peças sem condição de uso, vidros de perfume e embalagens de cosméticos e maquiagem para descarte responsável em troca de pontos que podem ser usados na loja.

Ainda em fase de teste, a primeira incursão da Galeries Lafayette no mercado de segunda mão, é uma forma de atrair novos públicos para a loja, especialmente os mais jovens que, além de não terem tanto o hábito de comprar em lojas de departamento, costumam ser mais preocupados com sustentabilidade e consumo responsável. Se funcionar, a ideia da empresa é expandir o conceito para as outras lojas da rede ao redor da França.

Se os resultados seguirem as previsões do relatório de 2021 da Boston Consulting Group and the Ellen MacArthur Foundation, que prevê um crescimento da representatividade do mercado de revenda, aluguel e upcycling de roupas, de 3.5% para 23% do mercado de moda global até 2030, tudo indica que, em breve, mais e mais lojas vão aderir ao conceito.

Repensar o mercado da moda é essencial em um mundo que vive com cada vez mais escassez de recursos. É preciso pensar fora da caixa e entender como marcas tradicionais podem se reinventar sem necessariamente perder sua essência - esse é o grande desafio. A tendência é os consumidores se tornarem cada vez mais conscientes do impacto que suas decisões de consumo tem no mundo e, para isso, é preciso que as marcas se preparem.

Outra loja de departamentos que tem investido em sustentabilidade e economia circular é a londrina Selfridges, aqui conto um pouco mais sobre as iniciativas da marca para quem tiver curiosidade de conhecer. O que acharam da tentativa da Galeries Lafayette de entrar no mercado de segunda mão? Será essa a saída para as lojas de departamento que precisam (urgentemente) se reinventar? Me conta aqui nos comentários!