Rímel, lápis, pincel, primer, base, bronzer, delineador, blush, iluminador, batom, sombra, hidratante, anti-rugas, protetor solar... Já parou para pensar quantos produtos de beleza nós usamos diariamente? E quanto aos gastos mensais?

Pesquisas apontam que o brasileiro gasta, em média, R$112 em produtos de beleza e higiene pessoal todos os meses. Para termos uma ideia de representatividade de mercado, o setor de beleza e cosméticos representa quase 2% do PIB brasileiro e está entre os setores de maior crescimento no mercado mundial.

Levando-se em consideração todos os gastos com cremes e maquiagens (que por sinal não costumam ser nada baratos), o que você acharia de uma marca que vende cosméticos de qualidade a preços muito abaixo do mercado?

Com "muito abaixo" eu quero dizer: nada custa mais do que U$10, incluindo maquiagens, acessórios e tratamentos faciais. Para completar, os produtos são todos veganos, sem conservantes e parabenos, hipoalergênicos e cruelty-free (não fazem testes em animais).

Pois é, essa marca existe e não é a toa que não para de crescer. Conheça a e.l.f. (eyes, lips, face), a empresa nova-iorquina que está revolucionando o mercado da beleza com uma estratégia de marketing nada convencional.

A e.l.f. Beauty surgiu em 2004, com um homem que se assustou com o valor de uma compra de maquiagem da esposa e resolveu criar uma marca de cosméticos de qualidade com preços justos. Afinal, quanto do valor que pagamos nos produtos é na verdade custos de marketing repassados e super valorização de marcas? Preços altos nem sempre são sinônimo de melhor qualidade.

Por isso, a estratégia de marketing da e.l.f. é exatamente não investir em anúncios, propaganda e endosso de celebridades. A marca conta basicamente com a divulgação voluntária dos clientes, o que é facilitado pelo valor dos produtos.

Um pincel por U$3? Uma paleta de sombras por U$5? Iluminador por U$1? Você acaba pagando para ver, não é mesmo? E dai a qualidade faz você comprar de novo e ainda indicar para outras pessoas...

No começo, a e.l.f. vendia apenas online. A expansão para o varejo offline começou com pequenos espaços em lojas como Target e Walgreens. A Target, com receio de que o produto da e.l.f. desvalorizasse as outras marcas de cosméticos, concedeu apenas um pequeno espaço em suas prateleiras. Espaço este que foi crescendo ao se notar que a presença dos produtos e.l.f. na Target, na verdade atraia consumidores da geração dos Millennials.

Hoje, a e.l.f. já tem 19 lojas físicas e está presente e centenas de outros revendedores, como a Ulta, Mercados, Farmácias e outras lojas de cosméticos. Há inclusive displays com a linha de essentials (produtos mais básicos), em lugares como livrarias de faculdade, que, aliás, foi como eu comprei o primeiro produto da marca.

Atualmente, e.l.f. conta com um portfólio de mais de 900 produtos que são renovados constantemente. A marca leva muito a sério o feedback dos consumidores no site, e realiza mudanças periódicas levando-se em consideração os comentários. Quando uma fórmula/embalagem é mudada, eles enviam o novo produto para os clientes que fizeram a observação junto a uma carta personalizada.

Isso mostra o foco da marca na comunidade e a importância dada aos consumidores. Estratégia que muitas vezes acaba sendo mais valiosa do que investimentos astronômicos em divulgação. O principal canal de comunicação deles são as redes sociais e mídia voluntária.

A e.l.f. trabalha também bem forte com programas de fidelidade e ações como a "Beauty Scape", uma espécie de conferência que reune algumas clientes selecionadas para uma viagem onde elas farão uma imersão no mundo da beleza e maquiagem.

Nosso case da semana mostra como, cada vez mais, marcas que estudam seu consumidor a fundo e focam em solucionar 'problemas' estão ganhando força no mercado. Será a e.l.f. Beauty que vai revolucionar o mercado dos cosméticos? Que outras marcas tem estratégias semelhantes?